A Dança Como Forma de Tradução de Quem Somos!!

Foi um grande prazer receber o desafio do meu amigo Rogerinho para poder falar de um tema que eu amo!!! Quando ingressei no mundo da dança eu não imaginava que eu estaria compartilhando tanto de mim com as pessoas. Hoje acredito que a dança é mais sincera do que qualquer conjunto de palavras.

Ao dar os primeiros passos nos deparamos com dois sentimentos conflitantes. Um é uma enorme empolgação de conhecer um mundo novo de possibilidades infinitas e ver que é possível aprender pouco a pouco. O outro é um grande arrependimento de não ter começado aquela atividade antes. Quanta coisa eu já saberia fazer agora se eu não tivesse demorado tanto para começar? Me fiz essa pergunta inúmeras vezes, e o que me aliviava era perceber que só de eu ter começado já era um bom sinal.

Mas de onde vinha essa angústia? Porque me fazia tanta falta conseguir fazer cada um daqueles movimentos. Isso só ficou claro para mim tempos depois. Só quando eu consegui me libertar das sequencias pré aprendidas e recombinar minhas movimentações da maneira que eu queria é que eu comecei a perceber que a dança poderia falar por mim. E a angústia era a necessidade de dizer coisas sobre mim que eu não diria em uma conversa banal.

A dança faz um papel de confidente que só encontramos em nossos melhores amigos ou familiares. Deixamos uma marca do que estamos sentindo naquele momento sem que ninguém precise te perguntar. Colocamos nossas angústias e medos para fora assim como extravasamos nossa alegria ou simplesmente curtimos nossa serenidade.

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O mais fantástico é que nem sempre percebemos que estamos fazendo isso e não é nada fácil interpretar o que a outra pessoa está dizendo através de sua dança. É uma maneira ímpar de gritar para o mundo tudo o que você gostaria de tirar do peito sem ter que passar pelo julgo das pessoas que escutam. Porém quando aquele sentimento a ser expressado é forte e precisa realmente ser extravasado não há quem não perceba. E com uma certa experiência é possível compreender melhor uma pessoa que convivemos ao observá-la dançar ou dançar com ela. Da mesma forma ao conhecer a pessoa mais a fundo é possível valorizar mais a sua dança, pois conseguimos ver na dança da pessoa suas características pessoais sendo transcritas em seus movimentos.

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Uma pessoa tímida dificilmente vai ter uma dança espalhafatosa. E se tiver pode ter certeza que ela não é tímida por natureza. O seu conhecimento sobre aquela pessoa é que é muito raso. A dança não revela o eu que queremos que as pessoas vejam, ela revela naturalmente o nosso eu mais puro, mais genuíno. E quando nossa dança sofre uma mudança drástica, é hora de olhar para dentro de nós e perceber que tivemos uma mudança fundamental no nosso íntimo.

Nós professores precisamos tomar muito cuidado ao instruir uma pessoa, é muito comum encontrar profissionais tentando “aconselhar” um aluno a mudar de forma substancial a maneira com que ele dança. Sem um acompanhamento próximo, sem convivência com tal aluno podemos esbarrar em um conflito interno e sugerir que ele mude coisas que ele não pretende mudar dentro de si. Da mesma forma existem alunos que declaram que desejam mudar certos aspectos comportamentais como a timidez, a autoconfiança e o autocontrole. A dança é a ferramenta perfeita para motivar tais transformações e os resultados são belíssimos e muitas vezes emocionantes.

Alguns traços comuns de comportamento relacionados com as características da dança:

  • Ansiedade
    • Dificuldade de esperar a pausa
    • Dificuldade de finalizar um movimento antes de começar o próximo
    • Puxões
    • Auto conduções
  • Timidez
    • Pisadas curtas
    • Cabeça sempre olhando para os pés
    • Braço que levanta pouco
    • Enfeites incompletos
    • Tronco travado
  • Falta de atenção ou de concentração
    • Desequilíbrio
    • Marcações incompletas
    • Não reconhece movimentações semelhantes presentes dentro de dois ou mais passos distintos
    • Não tem consistência na execução dos movimentos
  • Baixa autoestima
    • Desiste das movimentações antes do fim
    • Sempre acha que errou
    • Assume a culpa de tudo o que acontece de errado
    • Se sente desconfortável ao fazer movimentações novas
  • Pessoas pouco expansivas, serenas
    • Dança limpa e organizada
    • Pouco variação de altura e de velocidade
    • Dificuldade de expressar sua musicalidade com o corpo
  • Egoísmo e arrogância
    • Prima pela estética
    • Não se importa com o conforto do par
    • O erro sempre é do outro
    • Se desmotiva quando não tem ninguém olhando
    • Não demonstra interesse em dançar com iniciantes e quando dança quer mostrar o quanto sabe e não mostrar o quanto a dança pode ser prazerosa.
  • Altruísmo
    • Dança confortável
    • O erro não importa
    • Preocupa-se em dançar com os iniciantes
  • Inteligência e criatividade
    • Procura inovar suas movimentações ou recombiná-los, pois se cansa de padrões antigos
    • Responde aos estímulos da música de formas variadas
    • Se adapta ao par com facilidade
    • Preocupa-se mais com a base do que com cada movimento separadamente
    • Vê os erros como uma oportunidade de criar caminhos novos

Precisamos ter a consciência que todos nós temos momentos de passagens por todas estas características (e tantas outras também) e podemos reforçá-las ou amenizá-las de acordo com a nossa vontade ou força de vontade. O estado de espirito momentâneo interfere diretamente no rendimento de cada dança. Então quando reparar boas características de sua dança procure cultivá-las. Quando sua dança estiver em baixa reflita de que forma seu estado emocional pode ser mudado para que você se sinta melhor e consequentemente dance melhor!

Convido a você a incrementar essa lista de características para enriquecer nossa conversa! Convido você também a me visitar em uma de minhas escolas em Belo Horizonte, ou alguma unidade da rede que me fez apaixonar pelo forró e pela dança, o Pé Descalço (BH, São Paulo, Santo André, Niterói, Juiz de Fora, Contagem e Londres).

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12 comentários sobre “A Dança Como Forma de Tradução de Quem Somos!!

  1. Uau, Raso! Adorei essa análise que você fez dos traços comuns de comportamento. Fez muito sentido pra mim.
    Hoje mesmo estava pensando o quanto o forró me faz refletir no meu comportamento em relacionamentos interpessoais. Quando estou dançando com um condutor preciso confiar nele e em mim mesma e entender que a dança é um conjunto do que cada um pode e quer entregar naquele momento. Tendo isso em mente, fico mais tranquila e tudo flui melhor, pois retiro de mim a pressão de ser a pessoa que vai fazer acontecer nesse momento.
    Esses são exatamente algumas das coisas que tem me faltado para uma convivência mais saudável com as pessoas. Treinar essa consciência na dança me ajuda a interiorizar a tranquilidade para a vida.
    Abração e até a próxima!

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